segunda-feira, 23 de junho de 2025

Papo Terapia Cristã: A Solidão e o Poder do Relacionamento

 




Vivemos em tempos de muitas conexões digitais, mas pouca escuta verdadeira. A solidão tem se tornado uma realidade dolorosa para muitas pessoas, especialmente na terceira idade. A falta de alguém com quem conversar leva ao isolamento social, que, se não for cuidado, abre as portas para o ostracismo emocional e, muitas vezes, para a depressão.
Como administrador de um residencial para idosos em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, trago comigo uma experiência de décadas lidando com essas dores invisíveis — e, ao mesmo tempo, com as respostas que Deus pode nos dar através do amor e da convivência.
Ali, nossa terapia começa com algo simples, mas poderoso: a conversa diária. Faço questão de bater um papo com cada um dos nossos residentes. O assunto? Pode ser futebol, lembranças antigas, fé, comida ou mesmo o tempo. O importante é que eles sintam que são vistos, ouvidos e valorizados.
Além disso, duas vezes por mês promovemos confraternizações que se tornaram aguardadas com alegria: bingos, aniversários do mês, serestas... São momentos que enchem a casa de vida e risos. É impressionante como uma música ou um parabéns pode reacender o brilho nos olhos de alguém que há tempos não sorria.
E aos domingos, temos algo ainda mais especial: visitas religiosas. Grupos evangélicos e católicos se revezam para trazer uma palavra de esperança e fé. Essa dimensão espiritual fortalece nossos idosos, dá propósito e renova o ânimo de muitos que estavam desanimados.
A solidão existe, sim. Mas ela não precisa vencer. Com escuta, carinho, fé e ações simples, é possível transformar o dia de alguém — e muitas vezes, salvar vidas.
Se você conhece alguém que está sozinho, seja um canal de Deus na vida dessa pessoa. Às vezes, um café e uma boa conversa podem ser a resposta de uma oração silenciosa.
Tr.Ricardo Solano







domingo, 22 de junho de 2025

Envelhecer com Amor: O Orgulho de Cuidar de Todos

 


A 29ª Parada do Orgulho LGBTQIAPN+ em São Paulo trouxe um tema profundo e necessário: o envelhecimento da população LGBTQIA+. Um assunto que, como gestor de uma residência para idosos, toca diretamente a missão que seguimos há mais de quatro décadas: acolher com dignidade, independentemente da identidade ou orientação de cada pessoa.
💬 Na nossa casa, todos os idosos são bem-vindos.
Aqui não importa se é homem, mulher, cis, trans, hétero, gay ou de qualquer outra identidade — o que importa é a vida, a história e a necessidade de cuidado de cada um.
Desde o início, minha mãe — fundadora da nossa instituição — já demonstrava uma visão muito à frente de seu tempo. Ela foi uma das primeiras a tirar a palavra “asilo” do nome da instituição. Para ela (e para nós), o cuidado com idosos deve ser feito com respeito, carinho e, acima de tudo, amor. Nunca com rótulos ou exclusão.


🌟 Nosso diferencial? O amor.
É ele que guia cada gesto, cada acolhida, cada olhar atento. E é por isso que celebramos com esperança temas como o da Parada LGBTQIA+ deste ano. Porque sim, os idosos LGBTQIA+ também existem, resistem e merecem envelhecer com dignidade.
🫂 Construir um ambiente seguro, afetuoso e inclusivo é um ato de fé, de justiça e de humanidade.
Tr.Ricardo Solano







101 Anos da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro: Um Legado de Fé e Missão

 


Neste ano de 2025, celebramos com alegria e gratidão os 101 anos da Assembleia de Deus no Rio de Janeiro, um marco que representa mais de um século de fé, evangelização e compromisso com a Palavra de Deus.
A história da Assembleia de Deus no estado do Rio teve início em São Cristóvão, mais precisamente no endereço que hoje abriga o Templo do Campo de São Cristóvão 338, anexo ao Centro de Convenções da CADB e CEMAD.
Tudo começou quando o missionário sueco Gunnar Vingren, acompanhado de sua família, chegou ao Rio de Janeiro vindo de Belém do Pará, onde a igreja-mãe foi fundada em 1911. À época, o Rio de Janeiro era a capital do Brasil e um ponto estratégico para a expansão da obra pentecostal. Movido pelo Espírito Santo e pela missão de proclamar o Evangelho com poder e autoridade, Vingren deu início à obra que viria a se tornar uma das maiores expressões do movimento pentecostal no país.
Desde então, a Assembleia de Deus no Rio de Janeiro tem sido instrumento de Deus na salvação de vidas, formação de obreiros, plantação de igrejas e no envio de missionários para diversos lugares do Brasil e do mundo.
Celebrar esses 101 anos é reconhecer a fidelidade de Deus e também renovar nosso compromisso com a missão. Que este legado continue inspirando as novas gerações a manterem viva a chama do Evangelho, com amor, santidade e fervor espiritual.


"Grandes coisas fez o Senhor por nós, e por isso estamos alegres." (Salmos 126:3)
Pr.Ricardo Solano
Pastor da AD-RIO Campo de São Cristóvão 338-RJ

sábado, 21 de junho de 2025

Você acredita em milagres?

 


Dona Margarida recebeu um diagnóstico duro: leucemia. A notícia caiu como um peso sobre sua vida, sua família e seus sonhos. Como muitas pessoas no Brasil, ela teve que esperar o tratamento pelo SUS, enfrentando filas e incertezas.
Mas dona Margarida fez algo além: ela orou. Dobrou os joelhos, buscou a Deus com fé e perseverança. Durante meses, ela clamou por um milagre, mesmo quando as circunstâncias pareciam difíceis.
E então… o inesperado aconteceu.



Quando finalmente chegou sua vez de iniciar o tratamento, novos exames foram feitos. E os médicos não encontraram mais sinais da doença.
A leucemia havia desaparecido.
Sem explicação médica. Mas com uma explicação que a fé entende muito bem.
🙌 Deus ainda faz milagres.
📖 “Porque para Deus nada é impossível.” (Lucas 1:37)

segunda-feira, 16 de junho de 2025

Politto, o Gato que Ficou



Perder uma filha nunca é algo que se imagina viver.
Minha filha partiu aos 27 anos, jovem, cheia de planos e já com um futuro brilhante como jornalista. A revista que criou, Armazém, crescia com força e propósito no interior de São Paulo. Era mais que um projeto profissional — era um reflexo da sua alma criativa, inquieta e generosa.
A dor da perda é silenciosa. Ela não grita sempre, mas está sempre ali — nas manhãs mais calmas, nas conversas interrompidas pela ausência, no silêncio da casa que já foi mais cheia.
Mas ficou o Politto.
Um gato. Companheiro da minha filha, que hoje se tornou nosso companheiro de todos os dias. Ele não fala, mas entende. Não consola com palavras, mas com presença. Sabe exatamente a hora de deitar perto, de encostar a cabeça, de olhar com aqueles olhos que parecem ler a alma da gente.


Politto ficou.
E com ele, ficou também um pedaço da minha filha.
Na forma como ele se senta perto das pilhas da revista, como se estivesse guardando memórias.
Na maneira como circula pela casa, com leveza e graça, lembrando que a vida ainda pulsa.
É curioso como um animal pode carregar tanto.
Não só afeto, mas também esperança.


Politto não substitui. Ele revela: que mesmo na ausência, há presenças que permanecem.
Que o amor, quando é real, encontra formas de continuar.
E assim sigo.
Com a lembrança, com a saudade…
E com o gato, que não apenas ficou — mas me ajuda, todos os dias, a seguir.
“O Senhor está perto dos que têm o coração quebrantado e salva os de espírito abatido.”
Salmos 34:18

domingo, 15 de junho de 2025

Quando o Mar se Fecha, a Coragem se Abre

 


Uma lição de resiliência de um enfermeiro da Marinha Mercante brasileira
Em pleno início dos anos 1990, o Brasil ainda tentava entender o turbilhão de mudanças provocadas pelo governo Collor de Mello. Congelamento de contas, inflação galopante, empresas quebrando — e, para quem trabalhava embarcado, um golpe que quase ninguém previa: o fim da nossa Marinha Mercante tal como a conhecíamos.
Foi nesse cenário que um enfermeiro embarcado viu o seu navio ficar retido em um porto turco. A companhia faliu de um dia para o outro, deixou a tripulação sem salário e, para completar, as grandes empresas de navegação abandonaram a bandeira brasileira para registrar seus navios no Líbano, no Panamá… até gigantes como Vale e Petrobras trocaram de cores. O que fazer quando o chão vira água gelada e nada mais parece firme?
A angústia de chegar em terra firme… sem firmeza nenhuma
De volta ao Rio, a realidade era dura: esposa, uma filha pequena, zero salário e a dispensa quase vazia. Contas vencendo, leite faltando, e a pergunta que ecoava na cabeça: “Como é que eu coloco comida na mesa esta semana?”
Mas quem aprendeu a salvar vidas em alto-mar costuma ter sangue frio na crise. Abrindo a carteira, o enfermeiro juntou as moedinhas que restavam e traçou um plano simples:
Investir no que cabia no bolso — uma garrafa de cachaça Praianinha, copinhos descartáveis.
Apostar no que ele sabia fazer de melhor — cuidar das pessoas. Dessa vez, seria por meio de um caldinho de feijão quentinho, daqueles que abraçam por dentro.
Ir onde a fome e a noite se encontram — Copacabana, mais precisamente o posto de gasolina na Avenida Atlântica, ponto certo dos “frenéticas” (motoristas, taxistas, boêmios de plantão) e porteiros virando turno.
A primeira noite do caldinho
Na cozinha apertada do apartamento na Urca, o feijão chiava na panela. Temperinho caprichado, garrafa térmica cheia, copos e Praianinha a postos. Já passava das dez quando ele chegou ao posto. Foi abordando um a um, sorriso no rosto, voz firme:
“Amigo, caldinho quentinho pra espantar o sereno, vem com uma dose de Praianinha — paga o que achar justo.”
Meia hora depois, não havia uma gota de caldo, nem cachaça, nem copo restante. O enfermeiro guardou o dinheiro, correu para o mercadinho 24 h na Rua Santa Clara e voltou para casa com latas de leite e uma sacola de compras. Pela primeira vez desde o naufrágio financeiro, dormiu tranquilo.
Fazendo das pequenas vitórias um farol
Na noite seguinte, repetiu a dose. E mais outra. Em pouco tempo, o “Caldinho do Marinheiro” virou ponto certo dos notívagos de Copacabana. Não ficou rico, mas manteve a família de pé até encontrar emprego fixo de novo. Mais que isso: descobriu uma verdade que o acompanharia para sempre.
“Quem quer, faz — e não passa fome.”
Três lições que seu caldinho pode ensinar a qualquer um de nós
Agir antes que o medo paralise
A maioria espera o “plano perfeito”. Ele pegou o que tinha na mão e saiu de casa naquela mesma noite. A ação rápida evita que a ansiedade vire âncora.
Usar habilidades transferíveis
Se no navio ele cuidava de tripulantes com escorbuto e ferimentos, em terra cuidou de desconhecidos, oferecendo conforto líquido e quente. Valorize o que você já sabe fazer — a forma muda, a essência permanece.


• Servir primeiro, receber depois
Ele não impôs preço; deixou que o cliente definisse o valor. O retorno financeiro veio, mas, antes dele, veio o reconhecimento humano. E reconhecimento abre portas.
Navegando em mares revoltos hoje
Talvez você não esteja preso em um porto turco, mas quem nunca enfrentou crise, desemprego ou mudança brusca? Quando o vento vira contra, lembre-se do enfermeiro que trocou o jaleco pelo tacho de feijão:
Identifique o recurso que você tem à mão — pode ser um talento, um contato, uma ideia simples.
Coloque-o a serviço de alguém que precise — o valor vem na esteira do impacto.
Celebre cada venda, cada pequena vitória — elas são bóias que mantêm você à tona até a maré melhorar.
Seja no convés ou no asfalto de Copacabana, a coragem segue a mesma rota: começa com um passo, por menor que seja, rumo ao desconhecido.
Afinal, mar calmo nunca fez bom marinheiro, mas caldinho quente faz herói anônimo virar inspiração.


segunda-feira, 9 de junho de 2025

Da Rua ao Forno: Uma História de Esperança e Transformação





Sou o Pastor Ricardo Solano, fundador da Casa da Acolhida, um espaço dedicado a oferecer dignidade, cuidado e amor à população em situação de rua. Ao longo dos anos, vi muitas histórias difíceis, mas também testemunhei milagres que só a fé e o amor podem explicar.

Um desses milagres tem nome e rosto. Um homem que, por muito tempo, viveu nas ruas, preso ao vício em drogas, sem esperança nem direção. Ele chegou à Casa da Acolhida cansado da vida que levava, mas ainda com uma centelha de vontade de mudar.

Com acolhimento, oração e perseverança, começamos uma jornada juntos. Mais do que comida ou abrigo, oferecemos o Evangelho – a boa notícia que transforma o coração. Aos poucos, ele foi se libertando do vício, conhecendo o amor de Deus e descobrindo um novo propósito.

Hoje, ele não apenas está limpo e firme na fé, mas também é dono da própria padaria. Sim, aquele que um dia não tinha sequer onde dormir, agora acorda cedo para servir pães e sorrisos a uma comunidade que o viu renascer.

Essa história é uma prova viva de que ninguém está perdido demais para Deus. Que com apoio, fé e oportunidade, vidas podem ser restauradas.

Como na Casa da Acolhida, continuamos acreditando: onde o mundo vê ruínas, Deus vê futuros.