São Paulo é a capital com a maior taxa. Número de casos entre mais jovens também aumentou.
m 12 cidades brasileiras, um em cada cinco homens que fazem sexo
com homens (HSH) tem HIV. É o que diz um novo estudo realizado
pela Universidade Federal do Ceará com financiamento do
Ministério da Saúde.
O termo homens que fazem sexo com outros homens (HSH)
é usado na medicina para contemplar aqueles homens que
não se identificam como gays, mas mantêm relações sexuais
com homens e também precisam ser incluídos em campanhas
de saúde pública.
As cidades analisadas foram Manaus, Belém, Fortaleza, Recife,
Salvador, Campo Grande, Brasília, Belo Horizonte, São Paulo,
Curitiba, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Brasília teve a menor
taxa de prevalência com 5,8% e São Paulo a maior: 24,8%.
O estudo foi feito em 2016 com 4176 participantes. Destes, um
total de 3958 concordou em fazer o teste de HIV revelando que
17,5% tiveram resultado positivo para a infecção. Somados aos
participantes que se declararam soropositivos, o estudo teve
18, 4 % dos participantes com HIV.
Aumento de casos
Dos participantes, 83% se declarou solteiro e 58% tinha menos
de 25 anos. Segundo a pesquisa, nos últimos 10 anos, houve
um aumento de novos casos de AIDS notificados entre os homens, especialmente aqueles com 15 a 19, 20 a 24 e 60 anos de idade
e mais.
De 2006 a 2015, a taxa entre jovens de 15 a 19 anos mais do
que triplicou (2,4 a 6,7 casos / 100.000 habitantes) e entre os
de 20 a para 24, dobrou (15,9 a 33,1 casos / 100.000).
No mesmo período de 10 anos, os casos de AIDS entre
HSH aumentaram de 35,3% para 46,2% em comparação
com todas as categorias de casos de AIDS relatados entre
os homens.
'Aids já não me assusta mais'
De acordo com o estudo, uma frase bastante comum entre
os mais jovens participantes era: “AIDS já não me assusta
mais”.
Gerson Pereira, diretor substituto do departamento de HIV/Aids
e hepatites virais do Ministério da Saúde, reconhece a
dificuldade de "atingir" o público mais jovem, que não
viveu os primeiros momentos da epidemia: "A gente sabe que
o jovem de uma maneira geral não procura o serviço de saúde,
para qualquer que seja a doença. Ele acha que não vai adoecer".
"Com relação a Aids, a gente tem observado que nesses 30 anospassamos de uma doença em que as pessoas morriam com5 meses de diagnóstico para uma doença que hoje ninguémmais morre, se fizer um tratamento regular. Isso diminui o medo
em relação a infecção".
Para chegar até este público, Gerson acredita em investir em
novo meios como aplicativos e redes sociais e principalmente
retomar o trabalho de prevenção nas escolas com discussões
de saúde sexual e reprodutiva falando em prevenção, diagnóstico
e tratamento da Aids.
Ele acredita que não pode haver estigmatização na hora de falar
sobre HIV e Aids em escolas: "Na hora que a gente for falar de
prevenção, a gente tem que falar de prevenção para quem é hétero
para quem é homo... a prevenção tem que trabalhar todos os espectros independentemente da orientação sexual da pessoa".
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil tem atualmente cerca
de 900 mil pessoas vivendo com HIV (0,4% da população),
mas apenas 85% destas são casos notificados.
O estudo apresentado pela Universidade Federal do Ceará e
publicado na revista científica "Medicine" coloca o Brasil ao
lado de outros países em que há uma prevalência do HIV
entre homens que fazem sexo com homens.
Alguns fatores podem explicar o aumento da prevalência do
HIV entre este grupo no Brasil. A falta de verba para ONGs especializadas e a pressão de políticos conservadores estão entre as possíveis explicações apontadas no estudo.
"Suporte crescente no governo brasileiro para a bancada da 'bala
boi e Bíblia', no mais conservador congresso na era democrática
do Brasil, levou a uma regressão da agenda de gênero e
sexualidade e apoio reduzido aos programas com foco nas necessidades
dos HSH", dizem os pesquisadores.
Prevenção além da camisinha
O estudo conclui que o aumento no número de casos de HIV
entre jovens e a demonstrada maior vulnerabilidade entre
homens que fazem sexo com homens pede das autoridades de medicina maior foco na prevenção e neste grupo específico.
"Nossos resultados argumentam para um esforço de prevenção
revigorado, combinando abordagens, tais como envolver as
comunidades nos países em soluções e envolvendo as
próprias comunidades na pesquisa, publicação e promoção da causa".
Gerson Pereira falou também da importância do trabalho de prevenção no combate ao aumento de casos de pessoas com HIV no Brasil.
"A gente precisa sempre focar na prevenção. E não apenas no
uso de camisinha. Eu posso fazer prevenção com camisinha, mas também tenho a prevenção biomédica, que é a Prep e a Pep", explica ele, citando as profilaxias de pré e pós-exposição.
Atualmente, o Ministério da Saúde trabalha com a chamada
"agenda de prevenção combinada", um somatório de ações
tomadas pelo Ministério em todo país que envolve campanhas,
vacinação, profilaxia e também o teste de HIV: "Precisamos testar frequentemente as pessoas. Se sou parte da população vulnerável
preciso me testar sempre para saber se estou positivo e poder
começar o tratamento imediato".
Resposta: Antes do HIV a Bíblia já prevenia :
13 Quando também um homem se deitar com outro homem,
como com mulher, ambos fizeram abominação; certamente
morrerão; o seu sangue será sobre eles.
15 Quando também um homem se deitar com um animal, certamente morrerá; e matareis o animal.
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