quinta-feira, 9 de abril de 2015

Ex-baterista que mora na rua é levado para hospital psiquiátrico no RJ

Wigberto, suspeito de agredir mulher em Niterói, tocou violão na delegacia.
Segundo músicos da região, ele tocou com Celso Blues Boy e Tim Maia.


O ex-baterista Wigberto Rodrigues da Silvaque tem problemas psiquiátricos e é suspeito de agredir pessoas nas ruas de Niteróifoi acolhido na manhã desta quinta-feira (9) em uma açãodas secretarias de Ordem Pública (Seop), Saúde e Assistência Social de Niterói.

Guardas municipais o encontraram e o encaminharam para 77ª DP (Icaraí), onde as secretarias de Saúde e Assistência Social foram informadas. Segundo a Seop, Wigberto estava calmo, segurava um disco do Roberto Carlos e aceitou acompanhar os guardas sem resistir. Na delegacia, ficou tranquilo, tocando violão levado por profissionais da Saúde Mental.
Segundo a prefeitura de Niterói, o instrumento foi levado para facilitar a aproximação e, após um primeiro atendimento, o músico foi encaminhado ao Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, onde será avaliado e receberá acompanhamento e tratamento necessários.

“Já tinha uma denúncia de agressão contra ele e como eu vinha passando pela Domingues de Sá, eu avistei ele. Já até ouvi comentários da população dizendo que ele é agressivo, mas não vi nada de agressividade nele. Ele está lúcido, com perfil tranquilo, respondendo bem. Trouxemos ele pra delegacia por conta do registro que existe contra ele. A polícia levantou a ficha e disse que só há uma queixa contra ele e não podem permanecer com ele na delegacia”, disse o guarda municipal Carlos Alberto Santos, que encontrou o músico na rua.
'Swing nas mãos'
Wigberto ficou conhecido nos anos 1980 pelo talento e “swing nas mãos” tocando com músicos que fazem sucesso até hoje.
 Artistas da região afirmam que Wigberto participou de diversos shows com referências da música brasileira como Celso Blues Boy e Tim Maia. Ele também, segundo amigos, fez uma participação no filme 'Bete Balanço', escrito e dirigido por Lael Rodrigues e estrelado por Débora Bloch em 1984.
Amigos e conhecidos lamentam a situação atual do baterista. O também músico Zélly Mansur, de 53 anos, mora em Angola atualmente, mas viveu em Niterói por 35 anos. Durante muito tempo foi amigo de Wigberto e fizeram shows juntos na noite da cidade. Ele afirmou ao G1 que após algumas brigas familiares, o companheiro chegou a se hospedar na sua casa por volta de quatro meses.
Eu prometi duas semanas, mas ele acabou ficando quatro meses, tive até problemas com meus pais que começaram a reclamar. Depois de um tempo que ele saiu lá de casa, ele foi para a rua e a cabeça dele foi desparafusando devagar. Então ele foi perdendo a sequência lógica de raciocínio e começava a se perder nos assuntos. Ele realmente tinha muitos problemas pessoais e depois foi para a rua. Tornou uma bola de neve gigante”, disse Mansur.
Agressão
Na segunda-feira (6), uma jovem de 16 anos foi empurrada da bicicleta enquanto se preparava para ir à escola, por volta das 7h, como antecipou o o site do "Jornal de Niterói". Wigberto é suspeito e teria sido inclusive flagrado num vídeo de circuito de segurança. A mãe da vítima, Karla Ribeiro, afirmou que ele teria dado um soco na adolescente e corrido em seguida, sem tentar roubar nada.
“Ele está descontrolado, a princípio ele não tinha atacado ninguém até então. Ele deu o soco e fugiu. Ele não pegou nada da minha filha, falaram que ele era baterista de uma banda e começou a morar na rua. É um perigo ter ele desse jeito na rua”, contou.
Polícia Civil informou que as investigações estão em andamento para apurar as circunstâncias da agressão. A vítima foi ouvida e agentes realizam diligências em busca de informações que ajudem a identificar a autoria.
G1 percorreu padarias que ele costuma pedir café da manhã, pontos que ele costuma frequentar e conheceu a psicóloga Angélica Blanchart. Ela acompanhou o caso de Wigberto há alguns anos e disse que o ex-paciente nunca foi agressivo, mas tem algumas complicações mentais.
“Eu tenho medo que as pessoas entendam errado, porque se acharem ele vão prender, levar ele para a cadeia e podem até bater nele. A polícia tinha que pegar ele e levar para algum lugar onde ele possa se tratar. Ele não é bandido ou criminoso, ele é doente e precisa de ajuda. Quem achar ele, tem que chamar o SAMU e pedir para levar para algum lugar onde podem tratar dele”, afirmou Angélica.
Wigberto foi encontrado na quarta-feira (8) na Rua Moreira César em frente a um prédio. Muitos moradores da região já conheciam ele e paravam para perguntar como ele estava já que apresentava alguns machucados no rosto. Após alguns minutos, a terapeuta ocupacional Lucimara Pinheiro, de 53 anos, foi surpreendida ao tentar oferecer ajuda. “Eu ofereci dinheiro para ele comer alguma coisa, mas ele me pediu um caderno e uma caneta. Eu não entendi e ele disse que ia escrever uma música para mim. Eu não sabia que ele é músico, Também me pediu uma Coca-Cola, mas pediu para eu comprar porque não deixam ele entrar na padaria”, afirmou a moradora de Icaraí.
Último tratamento
Luiz Adriano Godoy, de 42 anos, é psicólogo do Centro de Atendimento Psicossocial (Caps) Herbert de Souza – instituição que faz parte da saúde pública de Niterói - e foi a última pessoa que acompanhou o tratamento do músico. Ele afirmou que “ele recebia um tratamento, mas não ficava internado. Quando ele voltou para a rua nunca mais voltou. Ele está sumido [do Caps], mas precisa sair da rua”.
Resposta: Morador em situação  de Rua em Lorena encaminhe para 



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